PEDAÇO

Eu me estilhaço em pedaços humanos,

cacos minúsculos, membros moídos,

quebro aos furores dos berros insanos,

laivo em crepúsculos, sóis corroídos.

Vou rastejando, lambendo meus danos

e meus projetos pueris corrompidos

pelos estupros dos torpes enganos

que me latejam remorsos cuspidos.

Todo o meu resto é entregue aos tiranos,

crus banimentos do mundo, bramidos,

garras bestiais dos brutais cotidianos

que arrancam lascas nos nervos zurzidos.

Deformo o passo, lacero meus traços,

se não estou aninhado em teus braços.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 21/06/2011
Código do texto: T3047786
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