PEDAÇO
Eu me estilhaço em pedaços humanos,
cacos minúsculos, membros moídos,
quebro aos furores dos berros insanos,
laivo em crepúsculos, sóis corroídos.
Vou rastejando, lambendo meus danos
e meus projetos pueris corrompidos
pelos estupros dos torpes enganos
que me latejam remorsos cuspidos.
Todo o meu resto é entregue aos tiranos,
crus banimentos do mundo, bramidos,
garras bestiais dos brutais cotidianos
que arrancam lascas nos nervos zurzidos.
Deformo o passo, lacero meus traços,
se não estou aninhado em teus braços.