O SONETO E SEU PRIMO LIVRE

Versos livres sem prisões

Sonetos enegrecidos em grilhões

Amaldiçoados pássaros

Com algemas e jargões

Versos livres sem prisões

Voam alados como pássaros ladrões

O sistema é um soneto de armações

Aprisionando os verbos fujões

Versos livres sem oposições

São canções que o vento leva pelos rincões

Que as mãos deveras escrevem e livres moram

Sem escravidão que as manhãs devoram

Versos livres sem oposições

São decifradas contradições

É o verbo que vocifera

É a fera do soneto que enjaulado berra

Versos livres sem oposições

É como aceitar os horrores da gestação

Sejam aleijados, mutilados ou horrores

Sem ser o soneto da perfeição

Que colorem de esperança as flores

Que jogamos no túmulo de nossas dores!

Versos livres sem proibições

É calar diante do mar as ondas sem ondulações

É tentar represar os sonetos

Com os dedos!

Versos livres sem rotulações

É como tirar as máscaras

E as adjacentes contradições

É mostrar que o fruto é melhor sem a casca!

Sonetos são bem comportados

Combinam roupas com sapatos

São rostos bem maquiados

Irretocáveis como um jasmim-murta

É um corcel que precisa de rédeas curtas

Versos livres sem oposições

É um puro sangue indomável

Trotando livre pelos prados e pelas poeiras dos sertões

Adora comandar sua tropa

A si só lhe importa

Ser livre de imposições e tranca de portões!