Desconhecimento(Poema 42)

Desconhecimento

a Carl Jung

I

Desconhecer tantos fenômenos

Como o vento jamais sabe onde

Assopra, deixar tua mente voar

Em altos cumes e rochedos.

Desconhecimento de eras as quais

Aludimos, sentimos e farejamos

diariamente.

Desconhecer quem está em nossa

Mais enevoada presença, tomar

O incerto como sendo a doutrina,

És tu, apenas tu, grande desconhecido

Que governas os homens!

Em ti são depositadas as vidas.

Os seres perseguem-te, mas

Nunca alcancará teu

Mundo espiritual.

Não conhecemos teu lugar.

Tua origem é duvidosa.

Criamos-te em nossos

Momentos de ócio e tédio?

Já estavas junto ao Divino

Pairando sob as águas turbulentas?

Subistes as montanhas e conversavas

Com o vento e as folhas?

Quem és tu que brota

Como cascata milagrosa

Curando e maravilhando a

Todos os olhos curiosos

E famintos obsedados?

II

Parte de ti os mistérios

Profundos e inquietantes cósmicos.

As estrelas renovam seu brilho

E acolhem teus mistérios em si.

O Sol é renovado em sua

Caloria, os raios tornam-se

Translúcidos, brilham

Em cores misturadas invisíveis.

Jorram luzes e fagulhas do

Cosmo pelo espaço, recebem

Cada uma um pequeno universo.

Giram em elipses antagônicas

O espaço e o vácuo, assim

Unem-se em um preto

Mesclado a azul-elétrico

Os cometas e asteróides.

Tu, grande desconhecido

Gira acompanhando todo o

movimento celeste.

Desce o desconhecido em

Sombras misteriosas e

Anunciadoras de imagens,

Sons e experiências sensíveis!

Todo sentido inexato é

Coberto por um manto

Branco-azulado, é transmudado

Em fonte limpa e saudável!

Volatiza o desconhecido

Nos corpos e flutua,

Caminha, corre e sopra

Em toda matéria...

Caminha entre os

Escarpados e sobe

Aos rochedos para

Pingar gotas invisíveis

De ar nunca respirado.

III

Um mundo real e

Tenebroso desconhece o

Grande e insondável

Fluir, a ele apenas a

Terra e o palpável

São dignos, o fluido,

O etéreo, o inefável,

O inessencial são um vento

Sem direção, água nunca

Procurada e colhida

Por mãos necessitadas.

Neste álacre azulado

Nenhum olhar jamais

Fixou, o desconhecido

Não é harmonioso,

Não reintegra e a nada

Une, assim para a consciência

Desconhecê-lo é prática habitual

E temperada com um fervor canibalesco!

LuHessBuss Moonshadow
Enviado por LuHessBuss Moonshadow em 20/06/2011
Reeditado em 05/05/2023
Código do texto: T3046565
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