AS COBRAS DO MEIO DO CAMINHO
AH, POETA,
No meio de teu caminho
Tinha uma pedra?
Tinha uma pedra
No meio do teu caminho?
Você tropeçou?
Você se feriu?
A pedra lhe serviu de empecilho?
POETA,
Se console comigo:
No meio do meu caminho
Havia duas serpentes.
Uma cobra lilás esbranquiçada
E outra parda furta-cor.
A primeira dizia tão amiga.
Só queria a satisfação
De seu capricho.
Queria-me gordo e velho,
Sem graça,
Nojento
Como na verdade ela era.
A outra,
Furtiva como seus reflexos:
Ora brança,
Aparentemente cheia de paz;
Ora vermelha,
Repleta de falsa paixão;
Ora roxa,
Como a real mortalha.
Poeta,
O pior,
Ambas se nutriam
De minhas energias
E se alimentavam
De minhas palavras.
Se não fosse
a LUZ,
que sorriu para mim
teriam me matado
com morte terrível.
Nem cadáver teria restado.
A LUZ luziu,
A esperança se fez,
O dia ressurgiu.
A POESIA ME REDIMIU!
L.L. Bcena, 22/01/2011
POEMA 246 – CADERNO: CHEGANDO AO PORTO.