Porto

A vida

Ancorada em porto nada seguro

Acreditando que do cais

Não perambulo.

Talvez um dia o mar todo engula

No limite de si mesmo

Nesse quase invisível concentrado

Em que o amor está mergulhado.

Mas diante razões arbitrárias

Totalmente contrárias

Sinto tempos sem respostas

Lembranças amanhecidas

Guardadas em guaridas.

Agitando em suspensão

Farol de Alexandria

Desfocado espelho de bronze

A luz da noite que já não guia.

Sem refúgio a palavra

Do último silêncio

Espessa lágrima naufragada

Encharcando o fino lenço

Ruído pelo terremoto

Da natureza injúria

As pedras que restaram

Em grande Forte se transformaram.

Talvez prevendo tempos de guerra

Em que a nova terra

Lutando por uma estúpida verdade

Pudesse se ver livre da própria liberdade.

Aos poucos anoiteço entre mortalhas

No espaço denso da madrugada

Baixo proa... entrego-me a maré

Soltando de todo o peso do pé.

Lucinda
Enviado por Lucinda em 20/06/2011
Código do texto: T3046120
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