Porto
A vida
Ancorada em porto nada seguro
Acreditando que do cais
Não perambulo.
Talvez um dia o mar todo engula
No limite de si mesmo
Nesse quase invisível concentrado
Em que o amor está mergulhado.
Mas diante razões arbitrárias
Totalmente contrárias
Sinto tempos sem respostas
Lembranças amanhecidas
Guardadas em guaridas.
Agitando em suspensão
Farol de Alexandria
Desfocado espelho de bronze
A luz da noite que já não guia.
Sem refúgio a palavra
Do último silêncio
Espessa lágrima naufragada
Encharcando o fino lenço
Ruído pelo terremoto
Da natureza injúria
As pedras que restaram
Em grande Forte se transformaram.
Talvez prevendo tempos de guerra
Em que a nova terra
Lutando por uma estúpida verdade
Pudesse se ver livre da própria liberdade.
Aos poucos anoiteço entre mortalhas
No espaço denso da madrugada
Baixo proa... entrego-me a maré
Soltando de todo o peso do pé.