Pega na minha mão, morena.
Pega na minha mão. morena,
mostra que da alma não tem pena,
mostra que a dor pode ser amena,
vai, mostra lá.
Pega na minha mão, morena,
mostra pra onde vamos, onde estamos,
diz o que quero ouvir, o quero sentir,
vai, mostra lá.
Agora pode ser tarde, talvez perdemos o trem,
a gente ficou querendo esperar a maré baixar,
as coisas têm o seu tempo, tem seu jeito,
quem vai beber o nosso suor?
Quem vai viver do nosso suor?
Lembro quando te vi pela primera vez,
alma refugiada, voz escalpelada, franzida,
você querendo se untar a mim,
você buscando a nossa linha de cetim
e eu nem aí, nem aí.
Mas as fronhas do sonho não medem palavras,
os escravos da fé nem sempre são gentis,
as fuligens do medo mal conseguem se despertar,
nem decantar a luz, seja lá o que isso for.
Mas você se fazia forte, se dizia sorte, se fazia norte.
Logo de cara o bilhete premiado caiu na minha mão,
parecia que as matas se curvavam diante do rei,
diante da gente, diante da nossa cortina que agora se abria,
parecia que tua mão se imantava na minha feito couro curtido,
feito aço cerzido pelas mãos de Deus,
pelas mãos de Deus.
Depois de sussurrar as pétalas sem patrão, sem fiança, sem festança,
depois de tirar do fosso da paixão o que deveria ter ficado lá,
fincado lá pra sempre.
Depois de esquecer o teu nome, o teu zíper, o teu cadafalso,
todos teus pisos em falso,
voltei pra casa, pra nossa caça.
Só pra você olhar pra mim, sorrir de leve e ir embora.
Ir embora pra nunca mais voltar pra mim.
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