AMIGO DE INFÂNCIA

Amiguinho de minha infância, Saci Pererê,

Quanta saudade de você,

Que se perdeu no tempo, na distância.

Foi o preço por eu deixar de ser criança.

Você sempre me dizia que não gostava de gente grande,

Porque, em qualquer lugar que se ande,

Encontra essa gente “armada”

E,se o encontram pela estrada,

Querem logo lhe dar paulada.

Só me resta a lembrança daquele tempo na fazenda:

À tarde, sem que minha mãe visse, após a merenda,

Eu pegava um pedaço de bolo

E corria ao seu encontro.

Você, de pronto, surgia saltitando,

Com a cara de quem fizera algum rolo.

Você era tão esquisito: negrinho de cachimbo na boca,

Perneta e com sua vermelha touca.

Parecia até um ser de outro Planeta.

Mas quem dissesse irreal meu amiguinho perneta,

Eu respondia logo: - Cale-se. Não se meta.

Amigo Saci, eu confiava mais em ti outrora

Do que nos amigos de agora:

Quando mais você precisa,

Eles o deixam, dão o fora.

Fantasia, ficção ou realidade

A verdade é que você tornou mais interessante

O meu Mundo de criança.

Por isso, trago até hoje, a todo instante,

Você vivo na minha lembrança.

Manoel de Almeida
Enviado por Manoel de Almeida em 19/06/2011
Código do texto: T3043678
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.