O VELHO SUMIU...
O velho sumiu...
Olha o velho!
A despeito de sua idade o velho anda em paz.
O velho sabe o que faz.
O velho plantou um jardim vizinho ao cemitério.
Olhou o mundo com olhar sempre sério.
O velho era feliz.
As crianças vieram e pisaram suas plantas.
Elas tinham pés e mãos santas.
Só queriam sonhar.
Coisa de menino.
Um olhar distante de gente e coisa se instaurou na face senil.
Minhas rosas, minhas rosas!
Como vou colorir o mundo na hora da morte?
A morte é a maior certeza da vida.
Nem os amigos a desejam com você.
É viajem solitária.
Olha as crianças!
Elas sempre brincam.
Seja aqui ou lá.
Não importa o lugar.
Elas fazem a mesma coisa: Brincar.
A idade passa.
As crianças se tornam velhos.
Os velhos partem, vão embora.
São como águias cansadas.
Procuram um lugar alto para se recuperarem.
Aquele velho é diferente!
Ele nunca deixou de ser menino.
É velho traquino.
Aprendeu que tudo é questão de opinião.
Acredite nas palavras!
Elas são como facas afiadas.
O velho menino viveu até onde foi possível.
Ele não pensou na sorte, ou na morte.
O velho virou um cajueiro.
Foi morar no juazeiro.
Fez promessa a padre Cícero.
Acendeu uma vela no cruzeiro.
Até que veio uma nuvem e o velho sumiu.
Onde está o velho?
Não sei...