SENTENÇA
Triste de uma sentença
Que desanda entre palavras
Que se perde entre um texto
Vocifera ao encontrar-se
Com as letras tresloucadas
Contorce e reboliça
Como uma mulher desamada.
As curvas todas do corpo
Do texto que vai formar
Pra construir a palavra
Ou destruir uma vida
Um continente ou um planeta
Ela se vira suspeita
Pula, repula, repica
O escrevente critica
Recoloca no lugar
Ela fica a deslocar
Palavras doutro sentido
Ninguém ouve o gemido
Que ela emite ao agravar
Toda uma existência
De uma pessoa ou do mar
O causídico não solicita
Escolhe a sentença e dita
O escrevente palpita
Apalpa as teclas e digita
A sentença lá está.