Trovas de Oswaldo Soares
Uma faísca somente
Da palavra de Jesus
Faz brotar na alma da gente
Uma fogueira de luz!
Jesus Cristo, a gente sabe,
Era um juiz sem rancor:
Se condenava o pecado,
Perdoava o pecador.
Não sei de onde vim,
Não sei aonde vou:
Nada sei de mim,
Só Deus sabe quem sou.
Não podemos atingir
Da terra a profundidade,
Do céu a altura infinita
E nem de Deus a vontade.
Do céu a altura é tamanha,
Que tanto faz eu estar
No pico de uma montanha
Como no fundo do mar.
Pela vontade de Deus,
Houve sempre esta união:
O silêncio já nasceu
Casado com a solidão.
Deus sempre teve esta norma:
Só concede a sua graça
Àquele que se conforma
E não maldiz a desgraça
Pedimos a Deus que faça
Aquilo que desejamos;
Enquanto aquilo que é certo
Deus deseja que façamos.
Meus olhos insaciáveis,
Sempre em busca do Ideal,
Quem dera fossem capazes
De ver o Ser Imortal.
O bem que você fizer,
Pode ser lançado ao mar,
Que no fundo, onde estiver,
Deus o haverá de enxergar.
Por vários meios e modos
Exploram Cristo; porém,
O Cristo, sendo de todos,
Não é posse de ninguém.
Não, eu não gosto de mim,
Eu apenas me tolero:
Fui feito por Deus assim,
Não sou assim porque quero.
É coisa que não tem jeito,
Esse homem que Deus criou
Nunca estará satisfeito
Com o gôzo que já passou.
Só tenho que ficar mudo,
Palavra alguma eu direi:
Diante de Quem sabe tudo,
Quem sou eu, que nada sei!