A besta-fera e o rio
Um rio passava aqui
que secou e eu nem vi.
Voavam araras nas margens,
azuis as suas plumagens.
Muito peixe nadava
nas águas claras do rio.
Os bichos vinham beber
fizesse calor ou frio.
Em volta árvores grandes
e terra fértil no chão.
Ali a vida brotava
e o rio a alimentava.
Mas tinha uma besta-fera
que todo dia ela vinha.
Sujava a água dos peixes,
matava tudo que via.
E quando ela ia embora
os restos da sua imundície
jogava todos no rio
como quem nunca o visse
quem nunca dele bebesse
do rio não se servisse.
As águas foram sentindo,
a fera se de divertindo
e a natureza sofrendo...
O rio acabou morrendo.
O bando de araras sumiu
depois que o rio secou.
As árvores morreram
de seco que o chão ficou.
E nunca mais foram vistos
os peixes e os outros bichos.
O ar, que era tão puro,
tornou-se fumaça escura.
Presságio de pouca sorte,
quem olha a cara do rio,
repara a face da morte.
A fera também sumiu
ela não vem mais aqui.
Partiu para encontrar
algo mais pra destruir.
Mas quando não sobrar nada,
é disso que ela se esquece,
rio, animal, nem floresta,
a fera desaparece!
Um rio passava aqui
que secou e eu nem vi.