FUNÇÃO SOMBRIA

Vulto voraz na imensidão noturna

Vento uivante soprando as cortinas

Sutil e apavorante se aproxima

Sorrateira e fria

Aflige-nos sua ironia

De chegar pontualmente na hora imprópria.

Ignóbil e hostil

Angústia em sua chegada exala

E sem compaixão derrama

O drama que a todos atordoa e abala.

E não há um fio

Furo ou brecha

Que a nossa alma convença

Ou que ao nosso coração explique

A sua função sombria.

E na sua companhia

As noites são gélidas

A dor soluçante

E os dias intermináveis.

E quando se esvai sua presença incomoda

Deixa como missão precípua

Aos cadáveres que ficam

Que se levantem e andem.

Luciene Bessa
Enviado por Luciene Bessa em 15/06/2011
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