FUNÇÃO SOMBRIA
Vulto voraz na imensidão noturna
Vento uivante soprando as cortinas
Sutil e apavorante se aproxima
Sorrateira e fria
Aflige-nos sua ironia
De chegar pontualmente na hora imprópria.
Ignóbil e hostil
Angústia em sua chegada exala
E sem compaixão derrama
O drama que a todos atordoa e abala.
E não há um fio
Furo ou brecha
Que a nossa alma convença
Ou que ao nosso coração explique
A sua função sombria.
E na sua companhia
As noites são gélidas
A dor soluçante
E os dias intermináveis.
E quando se esvai sua presença incomoda
Deixa como missão precípua
Aos cadáveres que ficam
Que se levantem e andem.