sexo e poesia

o plágio

o plasma

a porra

seus músculos

sua vulcânica vulva

sua válvula

seu escapismo neo-tântrico

o design de seu dna

há de persistir

naquilo que de nada adiantará

pois a poesia dos livros não é prática

poesia se faz na cama

sua força

suas formas

sua máquina

sua vida que não queria ser cópia

não queria ser breve cópula

queria ser bastante

queria ser selvagem

queria uma lasca do selvagem

um grama do selvagem

do deus selvagem inatingível

pois só lhe apresentaram o deus cultural

queria saciar-se

e queria também ter mais fome

sabia que matar completamente a fome

significa morrer

e o que ele lhe significa?

um batráquio?

um filme antigo?

um desconcerto de neurônios anti-freud?

poesia de pedra

poesia tatuada em corpos de mármore

corpos de água

corpos que se repetem e se atordoam

personificação da paixão perdida

agulha pulando em vinil

após a última bomba mundial

enquanto nasce o bebê no escuro de um vagão de trem

enquanto um santo pula do alto do cristo redentor

enquanto explodem os girassóis do universo

enquanto cresce a barba que será extirpada

enquanto o passado se revira no túmulo elétrico

enquanto as igrejas se assustam

enquanto os amantes se atropelam

e a ciência se encabula

e as panelas dos pobres estão cheias de repetição

e os corações dos miseráveis cheios de dúvida

e a dúvida é do tamanho de não mais questionar

e agora? o que fazemos com tantas prisões?

e com tantos mundos?

e com tantos desejos?

tanta fome...

queria ela esquecer de tudo

queria saber nada

como um bichinho

como quem pensa:

“vá e faça o que precisa”

e na lembrança ocasional

o plágio

o plasma

a porra

um beijo suave

talvez um tapa na cara

talvez um toque de mãos querentes

um olhar para céu azul com nuvens exibidas

maravilhosas

em poesia e sexo

são as pessoas.