Penas

Euna Britto de Oliveira

www.euna.com.br

Partilho da tortura

de Anchieta,

Preso entre os índios,

precisando transcender a dura realidade,

recebendo a inspiração

e sem lápis nem papel

para escrever seu poema...

Com estilo próprio,

com improvisado estilete,

ele arranha na areia da praia

um poema à Virgem Maria.

Quinhentos anos depois,

esse poema resiste!...

Êh, Padre Anchieta!

Parece até que eu estava lá!

De vez em quando, um poema me pega

do mesmo jeito: desprevenida,

sem papel, sem lápis, sem pena, sem caneta,

sem alguma coisa que escreva,

sem areia de praia pra extravasar...

E a tábula rasa da memória

não dá conta de registrar...

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 28/11/2006
Código do texto: T303619