O AMOR VALE MAIS
Até amanhã estarei com meus amigos, sentado às margens do rio, contando histórias e batendo latas
Até amanhã estarei não pensando em nada, nem na morte, nem na vida, nem na beleza da mulher amada
Estarei como um menino brincando com a fumaça que sobe monstruosa da chaminé da fábrica e gritarei com voz de sonhador
Todos os meus anseios, todo o meu pavor
E quando chegar em casa amanhã de manhã e ver minha mulher a me esperar na janela, direi a ela que o sol está belo e que o muro do castelo, por causa do vendaval, desabou
E ela estenderá suas mãos macias como a pele de uma criança e me levará para dentro de casa e me despirá, eu sujo e suado e inconseqüente, e me jogará na cama
Dormirei bêbado e sonharei coisas imensas, intensas, insanas, coisas de quem não sabe o que é sofrer
E ela, da porta do quarto, ficará me olhando, zelando pelo meu sono e tangendo, com as mesmas mãos de pele de criança, os mosquitos que rondam e querem roubar o meu sangue
E quando ela se cansar, sei que irá se despir e se deitar ao meu lado, e eu, ao ser acordado, abrirei os olhos e verei o sublime corpo da mulher amada
E direi a Deus o quanto Ele foi generoso comigo por não me dar castigo por tanta festa e desassossego
Agradecerei pela maravilha de ter amigos, muitos, de ter uma casa, simples e bela, de ter a mulher mais forte e doce que um homem já teve
E de ter uma paisagem além da janela, paisagem na neblina, na fumaça, paisagem que não passa, resiste
O céu azul, eu sei, permanecerá acima das nuvens e os braços dessa mulher há de me acomodar e proteger de todos os males
E não serei frágil, não serei morto: depois de amanhã seguirei até a fábrica e abraçarei a causa de meus irmãos oprimidos contra a exploração
O patrão gritará sua fúria, mas, rindo, não terei medo e direi que a vida vale mais, o amor vale mais, o perdão vale mais: o que não vale é o roubo
Juntos, eu e os outros operários, tangeremos com as mãos guerreiras o zumbido do mosquito que nos suga a alma e as forças
Em minha carteira, está a foto da mulher mais bela, a que me espera, todos os dias, e me ergue, quando, derrotado, penso em cair e me prostrar
Ela me faz caminhar, ela me faz celebrar, ela me faz cantar: o amor vale mais!
Até amanhã estarei com meus amigos, sentado às margens do rio, contando histórias e batendo latas
Até amanhã estarei não pensando em nada, nem na morte, nem na vida, nem na beleza da mulher amada
Estarei como um menino brincando com a fumaça que sobe monstruosa da chaminé da fábrica e gritarei com voz de sonhador
Todos os meus anseios, todo o meu pavor
E quando chegar em casa amanhã de manhã e ver minha mulher a me esperar na janela, direi a ela que o sol está belo e que o muro do castelo, por causa do vendaval, desabou
E ela estenderá suas mãos macias como a pele de uma criança e me levará para dentro de casa e me despirá, eu sujo e suado e inconseqüente, e me jogará na cama
Dormirei bêbado e sonharei coisas imensas, intensas, insanas, coisas de quem não sabe o que é sofrer
E ela, da porta do quarto, ficará me olhando, zelando pelo meu sono e tangendo, com as mesmas mãos de pele de criança, os mosquitos que rondam e querem roubar o meu sangue
E quando ela se cansar, sei que irá se despir e se deitar ao meu lado, e eu, ao ser acordado, abrirei os olhos e verei o sublime corpo da mulher amada
E direi a Deus o quanto Ele foi generoso comigo por não me dar castigo por tanta festa e desassossego
Agradecerei pela maravilha de ter amigos, muitos, de ter uma casa, simples e bela, de ter a mulher mais forte e doce que um homem já teve
E de ter uma paisagem além da janela, paisagem na neblina, na fumaça, paisagem que não passa, resiste
O céu azul, eu sei, permanecerá acima das nuvens e os braços dessa mulher há de me acomodar e proteger de todos os males
E não serei frágil, não serei morto: depois de amanhã seguirei até a fábrica e abraçarei a causa de meus irmãos oprimidos contra a exploração
O patrão gritará sua fúria, mas, rindo, não terei medo e direi que a vida vale mais, o amor vale mais, o perdão vale mais: o que não vale é o roubo
Juntos, eu e os outros operários, tangeremos com as mãos guerreiras o zumbido do mosquito que nos suga a alma e as forças
Em minha carteira, está a foto da mulher mais bela, a que me espera, todos os dias, e me ergue, quando, derrotado, penso em cair e me prostrar
Ela me faz caminhar, ela me faz celebrar, ela me faz cantar: o amor vale mais!