Terceira semana de conflito interno

Eu não devia estar aqui olhando pra essas coisas...

a casa inteira me lembra você...

Talvez se eu mudasse de quarto,

de casa,

de bairro,

de cidade...

Acho que mesmo assim não adiantaria.

Talvez se eu mudasse de alma,

se eu mudasse a poesia...

talvez eu conseguisse parar de dizer talvez.

Eu não devia estar aqui nesta sala,

olhando as paredes manchadas,

e vendo ilusões através dessa janela empoeirada.

Esses vidros parecem prisões,

garrafas aprisionando gênios

ou demônios... não sei.

Eu devia estar bem longe correndo atrás

do que eu realmente quero.

Ah! Na verdade não devia mesmo é

estar aqui reclamando.

Há tempos que luto pela mesma coisa:

um sonho absurdo de sempre sonhar

e ser feliz pra sempre um dia...

Tudo bem que o mundo me impeça,

tudo bem que tudo me peça pra ficar,

se sou louca como o vento,

como o vento vou correr bem rápido,

como a sombra vou desaparecer

aos primeiros raios da noite,

para aparecer pela manhã

nas feridas dos muros da cidade.

Não tente me entender,

não tente me alcançar,

vou embora com essa dúvida,

pra nunca mais voltar.

Seus olhos agora são estrelas,

de lá não sairão jamais,

onde foi que você se escondeu...

atrás das estrelas maiores?

Acho que as estrelas não são suas,

não são minhas,

são a imagem de meu amigo,

tão louco,

tão distante.

Eu não devia estar aqui olhando pra você...

me leve embora daqui, contigo...