Cálices e saudades.
Seu nome estampado na minha carne
seus dentes cravados nos meus braços
Um sorriso, uma begônia a desabrochar
Deitados numa tatuagem
Vestido amarrotado
Um retrato preto e branco
Meia dose de vodcka
Minha saudade segue num veleiro
A marca de batom no guardanapo
Nos meus passos lentos: a memória
Nas minhas memórias: as tardes
Não sei se era fevereiro ou dezembro
Leio Clarice
Fumo e bebo.
Vivo a vida cada gole
goles doces e amargos
algumas vezes azedos
mas vivo a vida
Trago a vida nas tatuagens
na memória
nos retratos amarelados
nos cálices
Essa é a ordem do tempo
um gole após o outro
um passo após o outro
uma saudade a ser tragada
Essa é a ordem do tempo
Desgustar a vida
Sorver
Brindar.