VENHA E DIGA
Diga, não tema e esteja
Entre os meus olhos que a luz malfazeja
Arrebenta em lágrimas de dor:
Se era o amor um sonho impossível?
Se é esta dor um mal inconcebível
Que eu em ti já não sou o que sou?
Mas se eras tu um bem que não se mede
Se tu me foste como quem procede
Assim, tão livre no ar sombrio e seco
De um dia negro onde encontro e perco
O ar da vida e trago a dor no peito
Da tua boca de quem se despede!
Diga e seja o que de mim foi tanto
Do Sol na noite ao mar um acalanto!
Seja mais uma vez a madrugada
Amorfa e pura como a Lua amada
Que ri e chora no céu mergulhada
Que me acolhe como tu, meu manto!