O Tempo Vivido

Valete dos Anjos

Na esquina do buraco,

bem junto à margem esquerda,

sob a água que penetra

germinou uma semente:

à tona veio uma flor;

Pétalas multicores,

como um arco-íris,

que brilham sob o sol.

Canto a vida

como canto essa flor

que se ergue sobre a terra

pesada e profunda,

que da fragilidade faz a beleza

e gera o perfume que se espalha

pelo ar.

Contudo, canto a vida

que em tudo penetra,

distinguindo grupos:

aqui e acolá, gêneros e gêneros.

Animais, vegetais, minerais.

Cantando a vida

canto a flor?

todavia, não sei

como em versos cantar

os homens.

Assim prossigo cantando

a vida, a flor, o buraco,

o espaço, o tempo, o verso...

Italo Gouveia
Enviado por Italo Gouveia em 09/06/2011
Reeditado em 07/07/2011
Código do texto: T3023693
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