DO QUE É A POESIA (PARTE II) - EU ATÉ ME ESFORÇO

Folhas miúdas, amarelas

cobriam calçadas límpidas

sem papel, nem sujeira...

apenas gotas de estrela

no céu cinza e esburacado

varrido sob meus pés

O fruto derrubado

carcomido pela queda

dava a polpa ao sabiá

Ninguém às ruas agora.

Todos no fim da tarde

margarinamente aninhados

o cheirinho de café

com o pão quentinho

estalando na fornada vespertina...

Finalmente! Pude olhar ao trivial

Em lindo sentimento de poesia

Meu coração congratulou-me: foste um bardo!

Dividi jubiloso o que sentia

Com uma doce senhorinha que chorava

ansioso por mostrar a calmaria

à pobre alma que da vida se ocupava

"Morreram três na ventania, retardado!

Em que mundo você tava?!"

Vociferou a velha gralha indignada...

Que bosta!

Desisto...

A realidade não dá uma dentro comigo...

Ou será o lirismo que só funciona dos olhos pra trás?

Edgar Rocha
Enviado por Edgar Rocha em 08/06/2011
Reeditado em 08/06/2011
Código do texto: T3022644
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