O Outro
Você é tão simples, não posso interpretá-lo
Você é tão sincero que invento algo falso.
Você é meu refúgio, abrigo, auxílio e alívio imediato.
Sinto-te nos meus mais medíocres momentos
Enxergo-te em meus mais obscenos pensamentos
Espero-te indiferente e na minha indiferença te venero.
Como me livrar da tua perfeição?
Não posso olhar nos teus olhos
E dizer as coisas escondidas nas curvas dos segundos
Que passamos juntos
Que perdemos juntos
Não posso olhar nos teus olhos
E enxergar as vertentes e histórias
Que não passamos juntos
Que não perdemos juntos
Desespera-me
Ter-te sem ter
Desespera-me
O ato de poder.
Desespero-te
Por não saber querer
Por não saber amar
E esperar sempre pelo o que mais tememos.
Você é tão maior que eu,
Teu tudo em meu nada,
E meu nada perdido nesse mundo injusto,
Que perto de você se torna menos frio,
Menos sujo,
Assim como eu.