CANÇÃO DO VELHO TREM...
Estou na estação de trem
sentada sobre minha bagagem.
Minha mochila lilás e velha.
O embornal antigo, surrado
mas que ainda conserva
as velhas iniciais...
Minha bagagem é pobre, é pouca.
Nos bolsos do velho casaco
carrego as melhores saudades.
Na bagagem de mão,
levo antigos poemas amarelados
e na lembrança já encardida e triste,
levo algum luar e madrugadas frias...
DE minha rua não sentirei saudade alguma.
Só mesmo dos crisântimos adormecidos
nos peitorais velhos de antigas janelas. Mais nada.
Sigo cantando porque levo comigo
o catavento colorido, presente de meu avô,
que foi quem me ensinou a caminhar nos trilhos
e recolher pedrinhas no chão...
A estação é triste, como os olhos de meu avô.
E cá estou, melancolicamente pensativa
revivendo saudades e ouvindo o ruído cantado.
É o trem que se aproxima...