O Poeta Que Existe Em Mim

O poeta cria sonhos, conta histórias

E vive memórias que nem suas são

Que se revirão no chão ao lhe recordar

Vive dores sem alento e chora prantos alheios

Traz sempre em enleio um amor para recordar

E como se isso não fosse pouco

Busca sempre nos teus sonhos um rosto

De alguém que nunca vai encontrar

O poeta tem um pouco desse louco

Ou desse pouco é todo o louco

Que o que nunca perdeu vive a achar

Acha o fim do arco-íris e o seu tesouro sem fim

Acha os sonhos perdidos no rosto dos serafins

Encontra chaves de baús e tesouros de piratas

Encontra rios e matas e a vida sempre a nascer

O poeta não tem datas nem presente nem futuro

Nem relógio que o acerte e o faça parar

Vive em tantas épocas é em um tantos poetas

Que cantam liras e se perdem nas cerestas

Festas clandestinas em fantasias de tantos mundos

E em cada segundo que para para poetizar renasce

O poeta não tem uma alma que pode dizer que é tua

Antes muitas almas nuas que vive perdendo por aí

Perde no rosto da morena que desabrocha em botão

Perde no portão da casa daqueles olhinhos de gato

Na porta dos fundos daquele malandro insensato

Que fugiu da amanda para ir para o sambar paquerar

O poeta tem tantos rostos, tantos gostos e tantos jeitos

Que sempre que se pare para lhe escutar o peito

Haverá em tamborins tantos uma batida diferente

Incoerente, de muitos tons e cores mil

Tanto jovem quanto senil o poeta é eterno

Ab eterno será ele, vivo por séculos seguintes

Por isso eu te digo que não te desconfies enfim

Se te faço mil versos e reversos incandessentes

Ou se te conto baladas de amores loucos

Sonhasndo aos poucos em contos indecentes

Se não pareço que sou eu, se sou o que não pareço

E se às vezes sonho tanto e canto alto

Se choro depois e fico triste e então logo esqueço

Ou se me alegro com uma coisa que por menos se existe

E que persiste tentando encontrar um apreço

Pois se Bilac ouviu estrelas por que eu não posso ouvi-las?

E sonhar Um Sonho (tosco) de Uma Noite de Verão?

Enfim se te pareço insensata, abstrata forma sem fim

Não me culpes os enganos, os insanos planos desfeitos

São os toques, são os jeitos, os olhos um tanto suspeitos

Misturados com o medo e o segredo dos poetas que vivem em mim.

Viviane Tavares
Enviado por Viviane Tavares em 08/06/2011
Código do texto: T3021478
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