ESCUTO UMA VOZ (Poema escrito para uma Ciranda da Maysa)

Não escuto a voz

apenas o silêncio opaco

que me obstrui os passos

há muito detidos a esmo.

Sei que existe a voz

que em tempos mais puros

revelou-me segredos.

Agora é tempo de espera

apenas tempo de espera

entre escuros.

Em algum lugar de mim

sei que a voz me espera

espera por mim

como por ela espero.

O tempo que neste agora

me segrega tudo

voltará revelando outro Sol

por detrás da noite

da onipotente noite

cilício

sacro-ofício.

Há dentro de mim a voz

que me espera

seu tempo de dizer de novo

o mesmo dito agora adormecido

calado

provisoriamente

Deus à espera do Homem

a velar

ao redor do seu Grito.

26 de julho de 2009.

Republicação em 08 de junho de 2011.