ISABELA, OLHA, ISABELA.
Isabela, olha nos meus olhos, Isabela.
Eu fui demitido, Isabela
e você dormindo, Isabela...
Isabela, foque na objetiva, Isabela.
Isabela, eu não posso olhar pra você, Isabela,
porque, Isabela, eu vou sair na foto
olhando pra tela, Isabela...
Imagine-me olhando o rosto, Isabela,
de quem lhe vê...
De quem lhe enxerga o fundo dos olhos
por saber como você gosta de ver o mundo.
Isabela, respire fundo
pra prender a respiração.
Não deixe a câmera tremer, Isabela.
Isabela, olha pra mim.
Eu fui demitido, Isabela.
E você é o próprio sono, o próprio prazer.
Você é o desleixo em forma de ver.
Que mundo goza com você, Isabela?
já que, Isabela, não lhe pode conhecer, Isabela!
(Tente acordar às sete, Isabela,
e sair sete horas e trinta e cinco minutos.
Isabela, destranque a janela, e a porta,
e deixe de ineditismo!
contigo me basta ser muito repetitivo.
Foque assim, Isabela, vocativo!
Isabela, olha, véi, pra mim tanto faz, véi.
Nada existe, Isabela, que me deixe triste, Isabel...
Imagine o tom, bela, desse verso, bel...
Mais alto, bela, que aquele, bel,
com o que lhe converso, Isabel,
e não me envolvo nem me projeto, Isabela.)
Isabela, eu sou mais você, Isabela,
que tem cabelo preto com luz amarela.
Isabela, eu fui demitido, Isabela...
Isabela, não sente atrás da coluna, Isabela.
Como a poderei ver, Isabela?!
Só em te imaginar, Isabela,
faço o concreto transparecer, Isabela.