Talento(Poema 37)
Falha o engenho em seu propósito,
A palavra sai quebrada, rota e
Miserável... paralisam-se as ideias e
Imagens fogem apressadas e
Voam para as profundezas do desconhecido.
Verte-se riscos horizontais, verticais,
Cruzados e circulares, a folha é
Um pequeno quadro de pintura abstrata.
Os olhos começam a cansar
Por buscar um novo sentido
A qualquer frase, um palor
Avermelhado vê se pela testa
E o suor desce doridamente.
AH, se falta engenho,
Cantarei em qual momento
Clama o pobre infeliz?
O tédio,a solidão, o medo...
A folha reflete esse vazio
No falar de si, não há
Uma só gota de espontaneidade!
Ah, acaso existe um
Deus da palavra?
Onde se encontra
Meu início? Ficarei
Com pequenas e rudes
Frases ao meu prazer?
Viva engenho dentro
De minha alma, soa como
Clarim festivo e reúne
Em minha volta não incertezas,
Mas explosões de saber e
segurança.
Casmurrice, eleva-me a
Um humor jovial.
Traga-me engenho, teus
Vislumbres e águas saborosas!