Açaflor

Vinha um gosto de tempero, um sal temprano

acordava cedo e o dia era branco

na boca ardia um último beijo

ficou calado na ponta do dedo

molhado no canto do olho

na ponta do travesseiro...

e esperava o sol romper de repente

acordar de vez as retinas, secar as cortinas

espraiar pela pele seu hálito quente...

esperava pelo corpo inteiro

a cada estação uma nova invenção

corava o rosto num calor de infusão

brotava a semente nos poros

nos pólos uma cor de desejo

um sabor, um anseio

uma flor diferente, um açafrão

um condimento prá solidão...