Na confeitaria da vida

Sentei-me à porta da confeitaria,

Como faço todos os dias, e esperei,

por horas e horas, sob sol

Escaldante, a menina ávida por

Chocolates.

Neste dia, a pobre garota

Demorou mais que o normal,

(como se crianças se ativessem ao sentido do tempo).

Quase cinco da tarde. E o odor dos

marzipans se mescla com o

Perfume das belas senhoras, que

Desfilam pela alameda de

Gerânios.

Nem um sinal daquela pequena de

Olhos claros e cabelos negros,

Escorridos pelos ombros.

Arrumo mais uma vez o panamá,

Que o vento insistentemente tenta

Arrancar da minha cabeça, e cai a

Tarde, como cai todos os dias, mas

Que naquele se tornara mais

Lúgubre.

Os alunos do liceu, esbaforidos,

se atropelam na volta para suas casas.

E nada da menina.

O chocolate, liquefeito, me

Escorre por entre os dedos.

Anoiteço, como que derrotado,

Lambo os dedos sujos e vou

Caminhando, sem destino, rumo à

Velha confeitaria da vida.