Lixo
Porque o sangue que corre nas minhas veias
Não deixa que eu pare pura e simplesmente
A dor do outro também é minha e eu sinto
Como se o coração batesse duas vezes mais forte
O lixo que vejo ao redor não me assusta
Só me faz querer abrir mais o peito
Rasgar a angústia de cada um como se fosse possível
Arrancar o sofrimento dos corpos que já não tem mais alma
Dormir e acordar todos os dias pensando em um mundo
Contrário do que assisto, do que toco, do que ouço
Engulo palavras tortas como fogos de artifício
Que entram no estômago sem lugar pra explodir
O inverso de quem não tem nada a perder é a tristeza
Roubando a alegria de quem tem muito a ganhar
Sem saber se o dia de amanhã nascerá
Em cima da terra ou embaixo dela
O amor que tudo supera ainda assim tem seus limites
Só com obsessão se salva um homem
O medo da morte some quando o olhar do outro brilha
É a vontade que ele pare, pense... e viva.