AH, CARTAS!...



Muitos anos de namoro e memoráveis amizades
reguei com deliciosas cartas
que, além de palavras, levavam e traziam
tremores nas pontas dos dedos e suores frios, 
confidências, segredos,
murmúrios ousados, 
ou simplesmente mimos, os mais delicados, 
enquanto as mãos, emocionadas, o papel acolhiam
 - quantas vezes ao peito afagado - 
e o coração hesitava em saltar
pela boca ou pelos olhos 
ou em dançar lépido, a cantarolar 
o que os lábios mal balbuciar conseguiam!...
Tudo era presença no odor e no hálito de cada palavra! 
Bem-aventurada eu e todos que vivemos
o bárbaro e elegante correio 
e ao correio elegante nos atrevemos.