(((((:::::NUDEZ DO AMOR:::::)))))

A tua nudez inquieta-me. Abre o meu corpo

Eu desgraço-me, escrevo, faço coisas

com o vocabulário da tua nudez.

Tenho pensamentos despidos;

De mão dada contigo entro por mim dentro

a encher a minha carne de transparência.

Sonhar contigo é quase como

saber que existo para além de mim.

as vezes sucede que estou: inquieta. Frágil. Violentada.

Não sei, amor, sequer, se te consinto

ou se te invento, te minto

a verdade intemida em que me esqueces.

Amor esta explosão de tantas sensações contraditórias;

Não finda com o próprio amor o amor do teu encanto.

Para sempre um ao outro, Eu e Tu, pertencemos,

O vinho e a sede, brasa e carvão, centelha e lume,

Fundindo os corações no ardor que nos inflama,

Amo-te sempre com o desespero de ser tempo;

desta língua, deste romance diário dos teus olhos -

não há dúvida, Amor, que não te fujo

por ti, tão cega, tão surda , tenho vivido eternamente presa!

Sobre o papel de muitos silêncios

das coisas - destes versos

desta tinta de sol e do luar vestida é que fico nua.

- Ó meu amor vieste rasgar um sol do meu corpo e

das minhas mãos! Que no próprio corpo é céu ainda.

Fernanda Mothé Pipas
Enviado por Fernanda Mothé Pipas em 04/06/2011
Código do texto: T3014503
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