PURO MUNDO PURO
Vejo-te pelas frestas
e nelas, o mundo que resta
que, no entanto, não é resto
a despeito de todo protesto
É o próprio mundo aberto
Sem cercas, paredes e tetos
Selvagem, úmido, irrequieto
É o mundo bruto, pulsante
Sem fim, sem início nem meio
Apenas mundo, tudo e nada
Apenas mundo ao fundo
Nem bonito, nem feio
Respira, escorre, transborda
É o que resta, esse mundo
ao fundo de todas as frestas
O mundo é mundo
e não um leito de rio
Em cada pedaço,
o peso de tudo
Palavras são escudos
o mundo é mudo
Pessoas falantes
flutuam no vazio