A vida

É a natureza ressurgindo das cinzas, exuberante,

no perfume da manhã que inebria,

no brilho do sol amante,

no canto dos pássaros em sinfonia.

É beijar a brisa com vontade,

sugando o mel que ela nos dá,

e refugiar-se na tempestade

na certeza que o arco-íris virá.

É o grito alegre da criança a correr em liberdade

ou o choro consolado no abraço materno.

É o despertar do jovem para a sensualidade,

e sua irreverência entre o céu e o inferno.

É a alegria a cada vitória que conquistamos

e o aprendizado na derrota que maltrata.

É achar graça nos tropeços que damos

e levantar mais forte na queda que não mata.

É balançar-se pendurado sobre o abismo estarrecedor,

com o hálito da morte os sentidos a entorpecer

sabendo que da corda que nos sustenta somos o senhor,

basta que não a deixemos apodrecer.

É chorar convulsivamente para a angústia dissolver

e deixar que as lágrimas lavem as toxinas mortais,

e gargalhar sempre que a oportunidade aparecer,

ignorando as etiquetas e as inutilidades morais.

É abraçar sem medo de rejeição,

é dizer eu te amo se o coração mandar,

é beijar com sabor de paixão

e deitar na relva numa noite de luar.

É dormir como criança no sono pesado

e acordar pronto pra outra vez tentar

sem receio de dar errado,

sem medo de sofrer se errar.

Porque quem teme uma decepção

sofre por antecipação,

e quem não ama pra não sofrer

erra por não tentar viver.

Lídia Sirena Vandresen

22.06.2010

Lídia Sirena
Enviado por Lídia Sirena em 03/06/2011
Código do texto: T3012422
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