UMA LÁGRIMA

Autora – Regilene Rodrigues Neves

A lágrima cai do olhar

Chorando sonhos perdidos

Em versos para não chorar

A porta da alma aberta

Escombros de lutas

Caídas a esmo do destino...

A poesia em flâmula

No alto do silêncio...

Um pedido jogado no mar

Perdido sem encontrar

Meu norte sem direção

Coração desenganado

O colo da alma no vazio da solidão

De um abraço sem abraço

Caminhos cruzados

Confusos de sentimentos

Dor insólita procura no chão

Restos da minha ilusão

Num apego insano

Quase louco de uma poesia

Que de mim esvairá cheia de saudade

Do amor hoje sem rima

Recolhido da página do meu coração

Numa lágrima solta do meu íntimo

Escrevendo versos para não chorar...

Mas a lágrima pressente a alma

Emerge fundo do mar

Trazendo vendavais

Em meio à tempestade

Furacão de sonhos perdidos

Deixados nos escombros

De paredes caídas

Reconstruídas de ausências nuas

De afetos perto de um lugar lúgubre

Sem a luz do amanhã

No frio sem agasalho

De um cobertor de amor!

A vida vai rompendo do lado de fora

O corpo dando passos

Numa passada errante

A rosa frágil quase ressequida

As folhas amareladas

Pela estação de pétalas caídas

Um a uma florindo a rua do passado

Esperando a próxima primavera

A esperança chegar de algum lugar do fronte...

A lágrima esquecida na força cega da lua

Das noites uivantes da vida...

Hoje quer chorar seu pranto lavar alma

Para um novo amanhã esperar

Vestida de sol raios de luz

Beijando a felicidade na face esquerda

Do meu peito traga dos céus

Para abraçar-me no dia do merecimento

Secando as lágrimas choradas das lições de vida!

Em 25 de novembro de 2006