GRAÇA DA VIDA

Você que me deu a graça da vida.

e nunca me inventou.

mas me faz a vida ter alguma graça.

Não teria, pois se coisa que passa,

ainda que existisse sólida.

Solitariamente que se anda.

Vai-se ver o sol da varanda

e sentir o vento, os fords,

as árvores, os postes, os volks,

cuja passagem marca o tempo.

Marca esse tempo, essa Era.

Uma indiferença constante nos rostos

em caras que não se vêem.

Como um rio que atropela,

uma vazão de incontrole remoto.

Que a normalidade a se respirar

pode ser o se manter imperceptível.

Camuflar-se na massa de rostos,

pretensamente lúcida,

medrosos de suas animalidades.

E antes que eu, namorando,

me sinta um normal na sociedade.

que me lembre que se sozinho fosse

maluco seria; ao que, porém,

encontrar-lhe, louca, bastaria.

Andrié Silva
Enviado por Andrié Silva em 03/06/2011
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