GRAÇA DA VIDA
Você que me deu a graça da vida.
e nunca me inventou.
mas me faz a vida ter alguma graça.
Não teria, pois se coisa que passa,
ainda que existisse sólida.
Solitariamente que se anda.
Vai-se ver o sol da varanda
e sentir o vento, os fords,
as árvores, os postes, os volks,
cuja passagem marca o tempo.
Marca esse tempo, essa Era.
Uma indiferença constante nos rostos
em caras que não se vêem.
Como um rio que atropela,
uma vazão de incontrole remoto.
Que a normalidade a se respirar
pode ser o se manter imperceptível.
Camuflar-se na massa de rostos,
pretensamente lúcida,
medrosos de suas animalidades.
E antes que eu, namorando,
me sinta um normal na sociedade.
que me lembre que se sozinho fosse
maluco seria; ao que, porém,
encontrar-lhe, louca, bastaria.