Ainda é tempo de alguma loucura
iremos nessa:
amando nos intervalos
cultivando flores
nos vasos
rindo pelos cantos dos lábios.
quando vermos
a primavera finda
o verão terá ido
e o inverno prolongado
indefinidamente
iremos assim:
amando quando der
perdendo tempo
na hora extra
reunião extensa
na porra do congestionamento
esquecendo de destrancar o peito
descer do muro
tomar posição
e até errar sem ter explicação a dar
ou satisfação
ao mundo
iremos assim:
contrariados
cumprindo regras
e não seria sensato o contrário
bom também seria
permitir alguma loucura
adiada
aquela viagem
ser ridículo um pouco
sem medo
de pagar mico
e dançar mesmo sem saber
fazer um jardim na porta de casa
plantar rosas na praça
beijar na boca
na rua
dizer o que pensa
sempre
e segurar as conseqüências...
...
“O dever! o dever! com os diabos! Dever é sentir o que é grandioso, amar o que é belo e não aceitar todas as convenções da sociedade.” (Gustave Flaubert, escritor francês).