OS CÃES LADRAM.
“Os Cães Ladram.”
Guel Brasil.
Do poder da criação
Da terra que vira massa,
Do pó que jogado ao vento
Faz atordoar a caça,
“Enquanto isso os cães ladram
“E a caravana passa.”
O tufão funil se forma
E se anuncia a devassa,
As vacas voando aos berros
Presa ao vaqueiro que laça,
“Enquanto isso os cães ladram
“E a caravana passa.”
O fogo ardente destrói
O mesmo faz a fumaça,
Da lona emerge o palhaço
Com suas piadas sem graça,
“Enquanto isso os cães ladram
“E a caravana passa.”
Do bêbado estonteado
Pelo poder da cachaça,
O sacristão às escondidas
Bebendo o vinho da taça,
“Enquanto isso os cães ladram
“E a caravana passa.”
Escondido na penumbra
O lobo espreitando a caça,
Políticos desonestos
Escondem-se da devassa;
“Enquanto isso os cães ladram
“E a caravana passa.”
Das vozes que não se calam
Nem colocando mordaças,
Do covarde que se esconde
Por detrás das ameaças,
“Enquanto isso os cães ladram
“E a caravana passa”.
E o menino travesso
Outra vez quebra a vidraça,
Do vizinho enraivecido
A ponto de uma desgraça,
“Enquanto isso os cães ladram
“E a caravana passa.”
Um a um dos quatro cantos
Fazem do meio arruaça,
O sul dizendo pro norte
Que o leste lhe fez pirraça,
“Enquanto isso os cães ladram
“E a caravana passa.”
O ouro em forma de brincos
Nas orelhas da ricaça,
Viúva em luto fechado
Dando voltas pela praça,
Não se importa que os cães ladrem
Nem que a caravana passa.
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