Milagres sem santo
Não era santo porque não podia
Porque não disseram que era
Nem de milagre possuía autoria
Não que tenha tido em tempo algum,
A mínima sombra de preocupação
Quando em meio às dores
Acordava todo dia com um sorriso cravado no sofrimento
Aquele sorriso sim era um milagre, mas sorriso é milagre que não conta ponto
E quando saia com seu andar aposentado
Seu ganho minguado
Para alimentar a miséria alheia
Com pouco dinheiro
Mas muita dignidade
Era rico em bens que não se compram
Palavras boas de ler e ouvir
Melhor ainda repartir....
Alegria...
Esperança...
Otimismo...
Solidariedade...
Fé...
Temperança...
Palavras que merecem mansão exclusiva
Mas preferem se amontoar todas num barraco chamado amor
O que ele era de fato
Invisível, andando pelas ruas
Sem nada para chamar de seu
Que não pudesse ser repartido, compartilhado, refeito
Dádiva multiplicada
E sorrisos que fez renascer
Mas santo não era
Não poderia ser
Porque os mágicos milagres
Isso não sabia fazer