Milagres sem santo

Não era santo porque não podia

Porque não disseram que era

Nem de milagre possuía autoria

Não que tenha tido em tempo algum,

A mínima sombra de preocupação

Quando em meio às dores

Acordava todo dia com um sorriso cravado no sofrimento

Aquele sorriso sim era um milagre, mas sorriso é milagre que não conta ponto

E quando saia com seu andar aposentado

Seu ganho minguado

Para alimentar a miséria alheia

Com pouco dinheiro

Mas muita dignidade

Era rico em bens que não se compram

Palavras boas de ler e ouvir

Melhor ainda repartir....

Alegria...

Esperança...

Otimismo...

Solidariedade...

Fé...

Temperança...

Palavras que merecem mansão exclusiva

Mas preferem se amontoar todas num barraco chamado amor

O que ele era de fato

Invisível, andando pelas ruas

Sem nada para chamar de seu

Que não pudesse ser repartido, compartilhado, refeito

Dádiva multiplicada

E sorrisos que fez renascer

Mas santo não era

Não poderia ser

Porque os mágicos milagres

Isso não sabia fazer

Marcelo FAS
Enviado por Marcelo FAS em 01/06/2011
Código do texto: T3007704
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