Quem sou eu?
Eu sou poesia
Sou do cinema
Sou maresia
Sou pensamento
De nostalgia
Conjectural
Sou melodia
Sou musical
Sou sujeito histórico
Retórico, bucólico
Transcendental
Sou arte, desastre natural
Sou seca, sou chuva, sou brisa, sou temporal
Sou sensível, indivisível, falível, humanamente mortal
Sou previsível, mas misterioso
Sou carinho, dedicação, sou impetuoso
Defeituoso como qualquer um
Eu sou dialético, sou natural
Teorema complexo do bem e do mal
Sou igual na diferença
Sou diferente do normal
Sou indiferente de repente, para o que me parece banal
Sou sombrio e arredio caçador das noites de frio
Sou menino do rio, que não sabe nadar
Sou ligeiro, esguio, mas se confio, não sei desconfiar
Se me dedico, não sei desdedicar
Se amo, não sei desamar
Sou por isso romântico, moicano solitário...
Vou cantando meus versos imaginários
Alegrando o coração de alguém
Altruísta às vezes, meu eu fica aquém
Como um alto desdém a se vigiar
Eu sou a falta de medos
Eu sou a falta de arrogância
Eu sou imenso deserto
Mas meu oásis é um tesouro
Não sou prepotente
Em ultima instância desistente
Sou a falta do sorriso, excesso de improviso
Sou a busca por equilíbrio
Eu sou das noites a mais obscura
Mas tenho fé, busco ternura
A gentileza e a doçura
São livros de capa dura
Dão proteção necessária às paginas de nossa vida
Proteção essa que eu quero, e espero um dia obter em totalidade
Na verdade, eu sou grande variedade de mim mesmo
Eu sou o que escuto, sou o que escrevo, sou o que luto
Sou parte dos que conheço, sou arte que não sei descrever
Um cubismo, surrealismo, musical instrumental
Minha alma é sinfonia composta pelo maestro da vida, dono de tudo soberano imortal
O único que sabe afinal, quem sou eu...