Chagas
Minha boca carregada de amargura
Sem cura e sem doçura, apenas muda
Fica sem o tato da sua língua
Fica sem o sabor da tua saliva
Minha boca, o aterro dos meus sentimentos
Os meus lamentos lancinantes
Ofegantes! nessa ânsia de arrancar-te de dentro
E esquecer o ápice dessa dor.
Minha boca imunda,
Inunda o ar de blasfêmias
E calúnias e digo que não amo
E quero arrancar a unhas
Esse silêncio, esse infortúnio
Que me trinca os dentes, e rumino só
Sem saber é mau, se é bem amar
Assim como eu te amo
Enganando meus sentidos e meu sentir
Sem ter na minha boca palavra alguma
Que fale o que és pra mim.
Cristhina Rangel.