Olhos Anciãos

Eu o vi sentado na sarjeta 
Cabisbaixo, barba por fazer (branca)
Apenas a barba era branca 
as roupas sujas, surradas 

Seu olhar faminto atravessou-me 
Foi um soco na boca do estômago
A fome que não era minha. 
Seus cabelos ralos e desgrenhados 
Eram o retrato de um passado que morria 

Estender-lhe as mãos? 
Como, Se ele não pedia esmolas?
Ele apenas observava atentamente 
Algumas vezes sorria
Deixando a ironia evidente. 

E eu, desnorteada, tomada de assalto 
Por aqueles olhos anciãos 
Fiquei de mãos atadas,
Observando as crianças 

Como ele indiferente
Maltrapilhas e imundas 
Correrem em ao redor 
Chamando-lhe de vovô.

E só então me dei conta 
que ele viu, o que eu não via!


Cristhina Rangel. 

(Poesia de momento, para o velhinho da
praça.)
   
Cristhina Rangel
Enviado por Cristhina Rangel em 31/05/2011
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