Vozes
Pelos degraus das cores
A vida se impôs exaurível
No falar que surgia da voz
De um translúcido vagante.
Não pelo tom elegante
Ou pelo bailar de belas letras,
E sim por trazer no vago peito
A esperança no amanhã.
Também saltou fervilhante
Com opulento som bravio
Da voz a soar marulhante
Em um temeroso idílio,
Onde os versos que o ungia
Eram as lâminas de fio fino
A retalhar o amor de outrora
O espalhando pelo chão.
Viu-se por estes degraus
Um sentimento a sucumbir,
O fremir da hostilidade
E o voar de pensamentos,
Porém o que esteve tácito
Em meio ao afago do vento
Foi o sorrateiro adejar
De um uníssono lamento.
Rio de Janeiro, 27 de maio de 2011.