POESIA
“Sou peroba/ Sou a febre, quem sou eu?/ Sou um morto que viveu/ corpo humano que venceu”. (Luis Melodia).
...
a poesia é um perigo
pois
surpreende
de repente
revela
o inusitado
o proibido
desvela
o escondido
o recôndito mais escuro
joga luz
corta na transversal
e mostra as vísceras
a poesia é um risco
pois
martela o inusitado
abre janelas
no escuro
dá duro
com palavras
“luta mais vã”
insiste
resiste
analfabeta
no cantador de feira
no nordeste
no rap
em todo canto
a poesia é uma faca
porque corta pele
penetra
vara o coração
diz o indizível
o invisível
o impossível
por isso incompreensível
a tantos
e diz muito a poucos
por isso atinge
o louco
o certo
incerta
sangra
pela boca
esvai-se
não em vão