Póstumo
Filho da mentira e da ilusão
Tu nasceste morto
Pois foste fruto da imaginação
Teu pai te negou desde o instante
Que disse a tua mãe amar
O que existe é o que se cria
E na mente nem em lembranças
Te transformaste quando tudo acabou
Pois foste filho da indiferença
Do egoísmo e do ciúme
Mas não te preocupes,
Filho morto,
Tu não virás ao mundo
Pois já nasceste de um aborto.
Que quebrou toda a mentira
Depois de jurada a pés juntos.
Por falta de aviso não foi
Todos viam, aquilo não tinha futuro:
Moço tão jovem,
mas já com tanto desgosto.
Tentando carregar nas costas
O mundo que não lhe servia.
Mas ele viu que nada podia
Diante de toda a realidade
Que de suas mãos fugia
Ele não podia controlar o mundo
Então virou-se e partiu
Mais uma vez desistiu de ser feliz
E nunca mais na vida sorriu
E sua mãe, no fundo sempre soube
Que aquilo tudo era estória
Mais apurada de que um drama
Sem uma gota de verdade.
Mas por alguma iniquidade
Prosseguiu com o andor
Pois nessa vida tudo é vaidade
E o que mais falta é o amor.