...e se lhe cortasse a cara?
Com navalha, com um daqueles pentes que cortam e deixam tudo avermelhado com requintes de crueldade?
E se lhe cortasse a cara com unhas que, mesmo curtas, fazem um certo estrago? Teria sentido a alguém [ou a ESSE em especial]?
E se expressasse todo o ódio, rancor e mágoa por meio de singelas e fortes palavras, talvez, a epifania dessa vida morna sairia do casulo, aceleraria-se.
Mas, pra quê? Por que precisa-se de alguma marca de agressividade explícita na pele?
E a navalha, hein?
E esta que corta o coração, divide-o em dois e depois sai pingando pelo asfalto, como resquícios viscosos de troféus?
Valeria a pena? Ou, melhor, valeu a pena? Hein? Você aí. É, você mesmo. Cadê sua navalha?
E, mais importante que o instrumento, onde está seu objeto de tortura?
Talvez nunca tenha saído daí de dentro, né?
É…é o que eu também acho.
E fechou o livro. Depois daquelas linhas, nada mais foi feito com ‘sem-gracisse’.
Nada mais foi feito.