ORVALHO DA DESPEDIDA


Saiu de supetão
Não disse adeus
Não deu tchau
Nem disse sim ou não
Se foi no calar da noite
Ao revés da alvorada
Saiu de soslaio
Não disse até logo
Não disse bye
Não disse nada
Se foi silenciosamente
No entreabrir da porta
No ranger das dobradiças
Velhas e enferrujadas
Saiu esgueirando -se
Saiu desarvorado
Saiu escondendo o rosto
Saiu e nem um abraço
Saiu e não se despediu
Saiu direto e reto
Saiu sem olhar para trás
Saiu frio e a causar arrepio
Saiu duro pisando molhado
Nas suas próprias lágrimas.

Zaymond Zarondy
Enviado por Zaymond Zarondy em 29/05/2011
Reeditado em 29/05/2011
Código do texto: T3001937
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