Ele Carregava Cacos
Ele carregava cacos,
Vermelhos como pétalas de rosas,
Vermelhos como sangue,
Escarlate gritante na calada da noite.
Ele carregava cacos
Que, quando ele respirava,
Flutuavam dentro de sua caixa torácica,
Cortando-o, dilacerando-o internamente
Em brutal agonia.
Ele carregava cacos,
E um dia ousou retira-los.
Empunhou-se de um alicate e uma faca
Para tornar sua inóspita caixa torácica
Algo além disso.
Ele removeu seus cacos,
Deixando vazia sua caixa torácica.
Esta, de tão torturada, de tão dilacerada,
Já não conseguiu acolher mais ninguém.