Impotência
Persigo um ideal ilógico
e vejo a confusão metódica,
desenho um anteprojeto lúdico,
vejo-me sem causa e sem porvir,
pois, quando defino a meta,
nada posso construir.
Meu país no desterro vive,
pobre sem ter liderança,
percebo que na contradança
sobra as ilusões pra mim,
vejo a cara deslavada do bandido,
exibindo armas, maquiando chagas,
e o policial encolhido, longe do motim.
Desisto do ideal sonhado,
sou mais um culpado
do torpe e vil pecado,
perdido nesse país tupiniquim,
a distância da desigualdade aumenta,
enquanto assustadoramente,
a dignidade humana, diminui.
Nada é tão aviltante e medíocre,
quanto a sensação de impotência.