((((((((:::::TAL AMOR:::::))))))))

Neve, o mudar das estações

O primeiro olhar da janela de manhã

no seu olhar havia uma promessa

nos meus quadris dançava um desafio

num relance de barco mas sem pressa

que fosse ao sol-poente pelo rio

trazia nos cabelos um perfume

princípio do prazer que caminhava

carnal e nobre, lúcida e segura

com qualquer coisa de uma orquídea brava

e o grito da revolta na retina lastrava

— Gozemos escondidos.

A sorte, inveja. Emudeçamos.

O lindo Prazer tão suspirado

Me responde: — Que vãs são tuas queixas?

a ser eu comprida — Me houveram (certo) pertencido

Uma velha música em sapatos cómodos

Compreender, escrever, plantar, viajar, cantar — Ser amável.

Se, o mal que escolhemos, já sentido — nos deixa,

antes que novamente outro dia amanheça

e em mim silencie — tal amor — que doloso aconteça.

Fernanda Mothé Pipas
Enviado por Fernanda Mothé Pipas em 29/05/2011
Código do texto: T3000545
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