Bobagens etéreas
A Arte da viajosidade sabe que as palavras são sábias, nós que não sabemos usá-las.
Bobagens etéreas
Ai palavras, ai palavras!
Que estranha demência a nossa!
Cegos diante da luz,
Quando a linha nos seduz,
Desprezamos entrelinhas.
Ai palavras, ai palavras!
Que estranha demência a nossa!
(Que só vê o que é de fora)
Quando este vai embora,
O interior treme e chora,
Neste o caos já se aninha.
Ai palavras, ai palavras,
Que estranha demência a nossa!
(Resumimos em saudade)
A sensação mais deidade
que tem mais sinceridade
que eloquentes melodias.
Ai palavras, ai palavras,
Que estranha demência a nossa!
(Desprezamos quem nos ama,
Amamos quem nos odeia)
Se a dois o amor inflama,
-posto que é chama-
junta vem dificuldade
a lhe fazer parelha.
Nesta falsa valsa
de eternas máscaras,
ai ai ai, ai palavras!
Que estranha demência a nossa!
que tu sábia, não semeia.